IndigenIA

A segunda fase do projeto AIAI foi realizada em Leeds, em março de 2024, e centrou-se na concepção de uma ferramenta ‘indígena’ personalizada de geração de imagens com IA, que escolhemos chamar de IndigenIA. A ferramenta é baseada em Stable Diffusion e localizada em um laptop individual (chamado Dragão) que é acessado remotamente pelos participantes. Permite que cada participante treine seu próprio modelo e assim crie imagens que respondam mais de perto às realidades e estéticas indígenas que desejam representar. 

Esta etapa do projeto foi organizada por Thea Pitman, Andreas Rauh, Sebastián Gerlic (Thydêwá), Sandra De Berduccy (aruma) e a pesquisadora brasileira Alessandra Mello Simões Paiva. Foi realizado em colaboração com o coletivo de artistas-tecnólogos britânico Immersive Networks (Dave Lynch, Sam Hallas e Christophe de Bézenac) e os seguintes participantes: Azul (Mapuche), Kuenan Tikuna, Loreto Millalén (Mapuche), Mariela Tulián, Tadeu Dos Santos Kaingang e Sheilla Souza (Coletivo Kókir), Alex Potiguara, e Laryssa Machada. Foi financiado pelo Enhancing Research Culture Fund, da Universidade de Leeds. 

O projeto AIAI foi recentemente selecionado para fazer parte da exposição coletiva Ficciones Generativas (Ficções Generativas) na Galería Gabriela Mistral em Santiago do Chile, de 11 de junho a 13 de julho de 2024.Também serviu de base para nossa participação no dia de portas abertas às famílias na Universidade de Leeds ( ‘Be Curious’), 18 de maio de 2024. Uma próxima exposição está planejada para o Jardim Botânico de Dublin em novembro de 2024. 

 

 

Alex Potiguara produziu um relatório sobre o workshop em Leeds  (VERe aruma produziu um relatório sobre o workshop e os preparativos para a exposição GAM. (VER)

Tadeu dos Santos Kaingang ofereceu a seguinte avaliação do impacto do projeto:

A intersecção entre artes visuais, povos indígenas e tecnologias no contexto da educação decolonial é um tema de grande importância e relevância contemporânea. […] As artes visuais desempenham um papel crucial na expressão e preservação das culturas dos povos originais. Através da arte, partilham não apenas expressões estéticas, mas também experiências culturais e cognitivas únicas. Quando os povos indígenas partilham as suas artes, estão a partilhar uma parte essencial da sua identidade e ligação às suas raízes ancestrais. 

A introdução de tecnologias digitais oferece novas oportunidades e desafios. Por um lado, as ferramentas digitais permitem documentar e preservar as tradições culturais de uma forma inovadora. Por outro lado, é fundamental garantir que o uso destas tecnologias respeite a autonomia e a soberania dos grupos indígenas, evitando a reprodução de injustiças históricas. […] Também é fundamental considerar os impactos sociais e éticos das tecnologias emergentes, especialmente no que diz respeito às comunidades marginalizadas. A ética deve orientar o desenvolvimento e a utilização destas tecnologias, garantindo que beneficiam a todos de forma justa e equitativa. 

Em última análise, ao reconhecer e integrar os conhecimentos e práticas das artes visuais dos povos indígenas e utilizar as tecnologias de forma ética e fortalecedora, podemos criar um futuro mais inclusivo e culturalmente rico para todas as sociedades. A convivência no evento em Leeds com povos indígenas da América Latina nesta rede de pesquisa reforçou um importante diálogo e compromisso com a construção de um mundo mais justo e interconectado.

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