Tecno-ancestral: Conheça o co-criador de “A voz da Terra Pankararu”, uma obra que mescla cerâmica artesanal e tecnologias digitais

André Anastácio e Alberto Harres, ambos do Rio De Janeiro, experimentam em “A voz da Terra Pankararu” tecnologias interativas como plataforma para mediar novas formas de relação e afeto dentro das dinâmicas sociais. Os artistas produziram um dispositivo tecno-indígena. O artefato mescla a cerâmica tradicional ancestral Pankararu com tecnologias digitais de comunicação e armazenamento de informação para possibilitar a escuta, a amplificação e a produção da memória na cultura indígena.


AEI: Como nasce um artista?

André Anastácio: Cada parto tem sua respectiva história. Não tem fórmula ou caminho certo, pois me parece ser um exercício existencial de constante descoberta.

AEI: Por que arte digital?
André Anastácio: Na minha prática artística, o digital se apresenta como possibilidade de ferramenta para composição. O desenvolvimento da obra não parte da forma mas do conteúdo, do pensamento crítico e contemplativo de determinado contexto, e essa reflexão pode encontrar potências de desenvolvimento e expressão em ferramentas e aparatos digitais. De maneira que o digital no trabalho que desenvolvo não é propósito, mas via para expandir experiências com o social. Se o digital surge no contemporâneo como mecanismo de fricção das dinâmicas sociais, me pergunto: por que não o digital?

AEI: Como você vê o impacto do digital na arte? E se você não é “nativo digital”, qual foi seu salto para chegar a isso?
André Anastácio: Provavelmente um impacto proporcional ao que o digital tem na vida contemporânea, e seus diversos reflexos. Nesse novo contexto telemático de tráfego e mudanças aceleradas, talvez seja um papel do artista envolvido com o meio digital se perguntar também, quais os possíveis impactos da expressão artística no digital. Ter um olhar crítico e de reflexão para as mudanças sociais provocadas pelas novas tecnologias, pode ser um elemento importante e relevante para que a obra do artista possa acrescentar camadas de compreensão acerca do advento das tecnologias digitais. E indicar através de sua obra mundos possíveis em que o digital caminhe em consonância com os vetores evolutivos de uma sociedade mais equilibrada e consciente de sua trajetória.

 

AEI: De onde vem sua inspiração para criar?
André Anastácio: Da relação com o outro.

AEI: Quais os desafios de criar em conjunto com outras pessoas?
André Anastácio: Nos projetos que desenvolvo, o desafio é de encontrar uma equação em que todos possam se expressar da maneira mais genuína possível, e que o resultado contemple a complexidade da soma dos fatores envolvidos.

AEI: Por que o interesse pelo AEI? O que espera dele?
André Anastácio: Sem dúvida o interesse reside na riqueza da cultura indígena, e no quanto posso(podemos) aprender com ela.

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